segunda-feira, 2 de maio de 2011

SOTERIOLOGIA: Um breve olhar sobre a Salvação

PARTE 1


Hoje gostaria de iniciar um breve estudo sobre a Soteriologia. Para quem não está habituado a linguagem teológica, explico que essa palavra deriva do grego: soteria: salvação e logia: estudo, significando portanto o Estudo da Salvação. Essa disciplina está entre as mais importantes doutrinas do Cristianismo, segundo alguns estudiosos é de fato a doutrina central da Bíblia Sagrada.

Nesse mini-estudo pretendo abordar 03 aspectos importantes sobre a salvação. Nesse primeiro artigo falarei sobre a realidade da depravação total e da incapacidade humana de sanar sua necessidade de salvaçãoNo segundo artigo da série falarei sobre o único meio para se alcançar a salvação. E no último artigo mostraremos algumas visões contraditórias e até mesmo heréticas, de igrejas que se dizem cristãs.

Retirado daqui http://fotos.sapo.pt/Ff5m11NnweOqiyDJZqdZ/


TODOS PECARAM; TODOS PRECISAM DE UM SALVADOR

Segundo Rm. 3.23 “[...] todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Para muitos essa declaração não faz sentido, perguntam como posso eu ser culpado por algo que foi cometido por outros muito antes de mim? E um ponto que serve para tumultuar a questão é a visão popular de que uma criança é pura, sem pecado, levando a crer que nascemos sem a carga desse pecado original que a epístola de Paulo aos Romanos revela. Como então podemos dizer que todos os seres viventes são pecadores?

Primeiramente vamos lembrar-nos da ocasião da queda original do ser humano. Adão e Eva tendo cometido o pecado da desobediência contra Deus foram expulsos do Paraíso e como castigo adicional perderam acesso a imortalidade. Logo, a morte passou a ser o símbolo maior do pecado. Conforme o mesmo Paulo escreve em outro versículo da epístola de Romanos, 6.23: “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor.” Ora, se a morte é colocada aqui como a consequência natural do pecado, podemos entender que se não somos pecadores não morremos. Então conclui-se que todos nós carregamos em nossa natureza esse Pecado original.

Ao estudar esse ponto, contudo, muitas vezes faz-se uma confusão. Alguns estudiosos (entre eles Agostinho e Calvino) concluíram que o pecado de Adão era transmitido hereditariamente a todos os homens. Entretanto esse ensino contradiz o ensino de outras partes da Escritura, limitando a justiça de Deus e lançando todas as crianças que morrem a uma condenação eterna, por um pecado que elas não cometeram. Devido a isso algumas denominações cristãs batizam os filhos recém nascidos com a finalidade de absolvê-los dessa suposta culpa de Adão.

O verdadeiro ensino que podemos retirar da Escritura é que Adão introduziu o pecado no mundo e transmitiu a natureza pecaminosa ao gênero humano, de modo que quando chega-se a idade de fazer a sua escolha o ser humano inevitavelmente opta pelo pecado que conduz para a morte.

Essa morte, aí falada, contudo, não se refere apenas ao aspecto físico. Na verdade ela expressa a morte espiritual do homem, que equivale a sua separação, ou perda da comunhão com Deus. Mais uma vez saliento, a morte atinge o homem quando ele escolhe, por si mesmo, seguir o exemplo de Adão. Esse ensino encontra eco nas palavras de 1 Coríntios 15.22 onde Paulo em outras palavras diz que: assim como Adão trouxe a possibilidade de morte para todos, Cristo traz a possibilidade de vida, e vida eterna! Outro versículo que apóia essa visão é Romanos 5.12.

Se você ainda não se convenceu disso reflita: por que existe a tendência natural do ser humano para fazer o mal? É o tal pecado original escondido em nossa natureza. A criança de fato é pura, mas só até poder fazer suas próprias escolhas. Quando chegar esse dia invariavelmente vai pecar. Aí vai se embora a pureza e o pecado fatalmente vai crescer. Como escreveu João em sua primeira epístola, cap. 1, vers. 8 “Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós”.

Mas o que podemos fazer para eliminar o pecado? Ou em outras palavras como adquirir a salvação? Será que humanamente é possível obter a salvação de nossas almas?

No último artigo dessa série vamos analisar como algumas denominações religiosas que se consideram cristãs explicam a Salvação. Mas hoje para fins de ilustração proponho que olhemos para a Lei do Judaísmo expressa no Antigo Testamento.

Nos livros escritos por Moisés encontramos 613 preceitos que se fossem seguidos a risca implicariam em Salvação. Contudo ninguém (exceto Cristo) conseguiu guardar todas essas exigências da Lei. Então Deus prevendo a impossibilidade de cumprir essas leis, revelou ao seu povo, rituais que deveriam ser feitos para “pagar” os deslizes cometidos e perdoar os pecados do povo a fim de reconciliá-los. Se o leitor ler esses livros atentamente verá que há uma ênfase nesses rituais de sacrifício. Também vai perceber que os judeus apesar de terem um rol enorme de sacrifícios específicos a serem feitos sempre que alguém cometia alguma irregularidade, uma vez ao ano faziam um ritual especial para expiar os pecados de todo o povo, pecados que porventura houvessem sido deixados para trás, esquecidos durante o ano.

O livro de Levítico no seu capítulo 16 mostra em detalhes a seriedade com que esse dia da expiação era tratado. Para começar o dia, o sumo sacerdote, vestia as suas vestes sagradas, tomava um banho cerimonial com água e logo a seguir, antes do ato da expiação pelos pecados do povo, ele precisava oferecer um sacrifício pelos seus próprios pecados. Depois, ele tomava dois cordeiros: um para o sacrifício, e o outro para a expiação. Ele então sacrificava o primeiro cordeiro, e entrando no Lugar Santíssimo aspergia o seu sangue sobre o propiciatório, que cobria a arca contendo a lei divina, dessa forma representava que aquele sangue simbolizava os pecados que toda a nação havia cometido contra a lei. Assim se fazia expiação pelos pecados da nação inteira. Finalizando o ritual, o sacerdote tomava o cordeiro vivo, colocava as mãos sobre a sua cabeça, confessando sobre ele todos os pecados dos israelitas e depois o enviava ao deserto, simbolizando que os pecados deles eram levados para fora do acampamento.

Convém destacar o seguinte, esse sacrifício de expiação não tinha o caráter de apagar os pecados, mas simplesmente cobri-los. Isso é indicado na palavra utilizada: expiação; vem da palavra hebraica kippurim, que deriva de kaphar, cujo significado é cobrir. Nesse sentido os sacrifícios do Antigo Testamento apenas cobriam os pecados, dando a entender que haveria necessidade de um ritual superior para de fato eliminar o pecado. O cumprimento desse ritual superior foi a morte de Jesus no Calvário. Este pensamento é avalizado pelo capítulo 10 do livro de Hebreus, onde o autor escreve que o sangue de bodes ou cordeiros não podia remover o pecado, sendo que por isso eram repetidos constantemente pelos sacerdotes, mas o autor enfatiza que não foi assim o sacrifício de Cristo, pois este morrendo uma vez eliminou o pecado plenamente (no segundo artigo da série Salvação veremos isso com mais detalhes.)

Analisando outras passagens da Bíblia Sagrada podemos concluir que se teoricamente é possível obter a Salvação seguindo a Lei do Judaísmo, na prática isso nunca ocorrerá. Mas então por que Deus daria uma Lei que ninguém poderia cumprir? A Bíblia dá a resposta.

Hebreus 9.23 “Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que estão no céu fossem purificadas com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios melhores do que estes”.

Em outras palavras, os rituais do Antigo Testamento eram meros símbolos daquele que estava por vir (Cristo).

Sobre isso falaremos no segundo artigo dessa série.



PARTE 2


PARTE 3


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